segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Animes em 2011? Mais fácil eu produzir um e exibir...



Para melhor entendimento da análise que vem a seguir, achei melhor fazer algumas explicações (tendo em vista que a maioria dos leitores interessados em animes e derivados é desprovida de inteligência):

Sabe o que animes como Dragon Ball Z e As Meninas Superpoderosas: Geração Z tem em comum? Se você respondeu que eles trazem um Z no final do título, acertou – se você disse que são chatos, acertou também -! Mas sabe o porquê desse Z? Na verdade ele é uma alusão a Geração Z. Como nós somos seres humanos, gostamos de classificar e rotular tudo. Com as gerações de pessoas nascidas em determinada época não poderia ser diferente.

Acredito que a maioria das pessoas que visitam este site seja da Geração Z (nascidos a partir da metade da década de 1990), conhecida por ser menos ativa que as demais e não terem perspectiva de futuro, ou seja, adolescentes que passam o dia no computador. Alguns outros que visitam este site devem ser os chatos da Geração Y. Considero-os chatos porque são saudosistas demais e, apesar de gostarem das novas tecnologias, não suportam a verdade de que o mundo evoluiu, e que nada pode ser igual a sua época de infância ou adolescência.

Explicações à parte vamos ao tema da matéria de hoje: o futuro da programação infantil na TV brasileira. Fiz tanta questão de explicar essas coisas de Geração Y e Z para, assim, poder fazer um comparativo da TV de hoje com a de uns 15 anos atrás, mais precisamente na parte que nos interessa: a programação de desenhos e infantis.

O grande problema de todo fã de anime é acreditar que a TV de hoje é igual a TV da época da Rede Manchete, o que não é verdade. Hoje a TV concorre com a internet, confronto este que é ganho pela TV, já que a internet, apesar de tudo, ainda não é lucrativa (ainda não se criou uma forma de “vender produtos” de um jeito tão eficaz como nos comercias de televisão).

A maioria absoluta dos animes que chegam ao Ocidente são infantis (Os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, One Piece e tantos outros), e o único motivo de eles não terem o sucesso esperado em nosso país (tendo como comparativo o Japão) é que desenhos animados não atraem público para a televisão. O público alvo da animação está hoje fugindo da TV, e aumentando a audiência da internet. Mas também, por parte da TV, não existe nenhum esforço para que eles fiquem. A programação infantil atual é muito mais decadente do que a da década de 90.

Não existe investimento em programas infantis, as emissoras estão perdidas vendo o público desligar a TV para ligar o computador, e elas não sabem como agir. Antigamente, tais programas eram muito mais bem trabalhados. Quem não se lembra (ou já ouviu falar) do sucesso estrondoso da Xuxa nas décadas de 80 e 90? A emissora criava uma identidade com apresentadores, e incluía produtos em seus programas para segurar o público.

Mas inventar hoje uma nova Xuxa não é garantia de sucesso. A criança de hoje não é a mesma daquela época, e é esse o grande dilema que a televisão começará a desvendar a partir do próximo ano. A Rede Globo é a emissora que tem mais probabilidade de obter êxito. Talvez ela seja a única que pense que criança também é audiência. Teremos algo a partir dos próximos anos que chamaremos no futuro de “nacionalização de conteúdo”.

Produto nacional, na maioria dos casos, é garantia de sucesso. Se não for em audiência, com certeza será em apoios, faturamento ou prestígio. Animação infantil já está começando a ser mais bem vista, e aos poucos está invadindo a TV (Maurício de Sousa que o diga). Programas que mesclem todas as mídias disponíveis (internet, celulares e afins) serão mais produzidos, porém, em forma de seriados, que aos poucos também irão ocupar o lugar dos desenhos enlatados que a emissora exibe hoje em suas manhãs.

Essa evolução não será feita de uma hora pra outra, e com certeza será feita a passos lentos e minuciosos (sabendo que existe um grande medo de errar). Outra coisa que muitos reclamam é o fato de produtos estrangeiros não serem tão valorizados no nosso país (no caso dos animes). Mas esse não é um problema da mídia brasileira, e sim de suas empresas responsáveis (produtores, distribuidores e afins). Eles têm que trabalhar com o produto no país, e não as emissoras de TV! O sucesso de um programa não depende apenas de colocá-lo no ar, mas de um bom trabalho de marketing por trás dele. O fato é que nenhuma empresa japonesa está interessada em lucrar no nosso país, ou talvez eles não vejam um mercado em potencial.

Nem a Toei, Sunrise, e tantas outras “gigantes” tem sequer um escritório em terras brasileiras. Eles só trabalham mesmo quando a série é garantia de sucesso (leia-se Dragon Ball Kai), e ainda assim de uma forma regional (América Latina). Todo fã de anime gosta de reclamar da Globo e SBT por não comprarem séries japas. Mas para eles não faz a menor diferença se é oriental ou ocidental; é produto enlatado. A empresa que mostrar para a emissora melhor estratégia de marketing conseguirá convencê-la.

A verdade é que um canal de TV só irá se preocupar mesmo com produtos infantis quando estes forem delas e elas poderem lucrar em cima deles. Pensando desta forma, não se assustem se o desenho do Sitio do Pica-Pau Amarelo for um sucesso nas manhãs da TV Globo.

Posso ter estragado o sonho da maioria de vocês, que ainda pensam em ver Fairy Tail no horário nobre, ou Bleach nas manhãs infantis. Mas existe sempre uma emissora, como a RedeTV!, que consegue comprar uma série ou outra a preço de banana, porém com títulos nada animadores. Sempre existe esperança… E é nesse clima festivo que desejo a todos boas festas. Até 2011!

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