quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sendo um Paranóide

Fernando Torres

sobre a PALHAÇO PARANÓIDE.


Estava zapeando em meu controle remoto quando parei em um canal da TV fechada que destina grande parte da sua programação à música brasileira. É um programa que veicula apenas as novas bandas e cantores independentes no Brasil. Fiquei assistindo, conheço algumas coisas, outras não, mas fui vendo e analisando tudo.
Fiquei me perguntando: Por que a PALHAÇO PARANÓIDE não faz parte da grade desse tipo de programação?
A banda alagoana PALHAÇO PARANÓIDE existe há alguns anos, tem uma legião de fãs, tem disco gravado, tem clipes publicados na internet com milhares de acessos, está gravando seu novo disco em São Paulo... O que seria então?

O garoto invisível (faço uma ponta no clipe com muita satisfação)

A rosa e o Vagabundo (neste eu fui o cozinheiro da galera)

Bastidores do garoto invisível

A banda tem um estilo jovem, uma musicalidade natural e algumas influências que são bem audíveis para ouvidos mais atentos. Passeiam pelo rock nacional, pelas bandas de Minas, pelos Beatles, por tudo que há de bom, enfim. Mas o que mais chama a atenção é a originalidade, a pegada forte, a voz que flutua entre o suave e o agressivo, mas sem agredir nossos ouvidos, muito pelo contrário, a sua música os atrai.
Aí, pensando na voz, foi onde surgiu minha desconfiança. O Vocalista da PALHAÇO PARANÓIDE, Guilherme di França, é afinado. Deveria ser óbvio, uma vez que tem tantos fãs e tocam seus shows por todo o Brasil. Mas a obviedade aqui não é a regra. De todas as músicas que ouvi no programa de TV, TODAS, repito, TODAS tinham problemas de afinação. Tenho percebido isso há algum tempo, mas esse programa ratificou minha suspeita e a transformou em certeza. Virou uma moda, um estilo, um vício, sei lá o quê: Cantar desafinado. Às vezes DEMASIADAMENTE desafinado. Alguns defensores dessa onda podem argumentar que velhos cantores da MPB também o eram. Sim, eram, mas exceção, não regra. Além do mais eles compensavam sua deficiência com a genialidade de suas letras e composições, o que nessa nova onda não é o caso...

Se pudesse dar um conselho aos integrantes da PALHAÇO PARANÓIDE diria aos mesmos o seguinte: Não mudem! Persistam nessa tão fora de moda afinação. Persistam nessa música única e crua que vocês vêm fazendo, pois essa onda vai passar, e vocês estarão de pé, seguros em suas raízes e AFINADOS com o mundo.


* Fernando Torres é cantor e compositor, integrante do grupo CEMO 3, pós-graduado em Música e professor efetivo da disciplina História da Música, no CEMO (Centro de Educação Musical de Olinda).

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